Há muito se estuda como o que vivenciamos durante a infância reflete na vida adulta, inclusive nos temas que envolvem a violência contra a mulher.
A Dra. Maria José Osis é graduada em Ciências Sociais pela UNICAMP, doutora em Saúde Pública pela USP e pesquisadora CEMICAMP. Recentemente colaborou em uma pesquisa “Perspectiva de los hombres sobre la violencia de pareja en Paraguay” do Centro Paraguayo de Estudios de Población. O estudo trouxe, dentre muitos dados, estatísticas expressivas sobre como as punições na infância podem perpetuar a violência contra a parceira e sua naturalização.
No estudo, 67,4% dos entrevistados considera justificável a violência moral contra a parceira e 26% presenciou agressões físicas contra suas mães ou madrastas. Além de que 89% sofreu algum tipo de castigo físico ou moral durante a infância e destes, 45% afirmaram perpetuar atitudes de violência contra suas parceiras.
O estudo foi realizado com mil homens paraguaios de 29-40 anos e a eles foram feitas afirmativas sobre: atitudes, crenças, opiniões, experiências, papéis de gênero, direitos e perpetuação de violência familiar.
As respostas mostraram, em geral, opiniões amplamente equitativas relacionadas ao trabalho, ao cuidado dos filhos e papéis de gênero, mas isto ainda contrasta com os dados oficiais sobre a distribuição e participação de homens no trabalho doméstico não remunerado, além da percepção de atitudes violentas como algo justificável e/ou natural.
Este cenário se dá por fatores culturais, religiosos e socioeconômicos, além das já mencionadas, agressões físicas e morais sofridas na infância .
O artigo completo com todos os resultados e gráficos pode ser acessado aqui: http://www.cepep.org.py/archivos/perspectivahombreviolencia.pdf